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Estabelecimento da cultura da soja

Hora de ficar de olho no tombamento ou damping-off

Situação que traz muitos prejuízos pode ser evitada com boas práticas de manejo e sementes de qualidade, diz consultor da Agros

Depois de implantada a cultura da soja, o momento agora é para se estar atento a um fenômeno que traz muitos problemas à lavoura e prejuízos ao produtor: o tombamento de plantas na lavoura.
Segundo o engenheiro agrônomo da AGROS, Nilton Teixeira Pedrollo, do setor de Validação de Tecnologias, o tombamento de plantas na lavoura é causado por um complexo de fungos de solo que sobrevivem se alimentando de restos culturais “Mas que na presença de hospedeiros vivos, no caso as sementes em processo de germinação e plantas de soja, são capazes de infectá-las e gerar danos”, explica.

Fungos
Nilton explica que os principais causadores desse problema são três fungos – Pythium, Rhizoctonia e Phytophtora, que dependem de condições favoráveis do ambiente e de um hospedeiro sensível, para de fato causarem danos.

Ambiente
O consultor ressalta que o tombamento de plantas vai ocorrer, principalmente, em ambiente de alta umidade do solo ou em períodos com vários dias consecutivos de chuvas, o que irá gerar um encharcamento do solo, e, posteriormente, as condições para se encontrar na lavoura os sintomas.
Sintomas
Confome Nilton, entre os principais sintomas estão o escurecimento e o aprodecimento do caule e da raiz. “Percebe-se nas plantas que emergiram que elas se tornam amareladas e, posteriormente, secam. Ao puxar essa planta do solo se vê que a raiz está escurecida, apodrecida, e, nesse caso, a raiz já perdeu a função e a planta, possivelmente vai morrer”, explica.

Manejo adequado
O consultor, no entanto, comenta que nem todas as áreas onde há períodos chuvosos intensos ocorrem problemas com tombamento de plantas. “Depende muito do manejo que é feito nessa área, anteriormente. Área onde existe manejo com diferentes culturas, plantas de cobertura, normalmente tem uma estrutura de solo que favorece a drenagem e aeração, e, mesmo em situações onde ocorram chuvas intensas, o solo não apresenta um encharcamento por um período prolongado, aí o problema é menor ou inexistente”, observa.

Áreas problemáticas
De acordo com Nilton, algumas áreas são mais propensas e ter problemas com fungos causadores do tombamento, como locais muito compactados, com intenso pisoteio de animais.
“Áreas compactadas, áreas mais úmidas naturalmente como as várzeas, solos mais planos onde ocorre acúmulo de agua, solo extremamente argiloso, pesado, que facilmente se torna compactado, se verifica que os problemas de tombamento são mais ocorrentes”, esclarece.

O que fazer
“O que se pode fazer para reduzir os problemas”, pergunta. Nilton afirma que a melhor medida para combater o tombamento é, justamente, criar uma estrutura de solo melhor, trabalhar o solo com diferentes culturas, implantar variados sistemas radiculares ao longo do tempo.
“Buscar diversas famílias de plantas para estimular equilíbrio biológico no solo, gerar competição e desfavorecer a presença de fungos, que são patogênicos e causam doenças às plantas”, comenta.
O consultor da Agros observa que é importante evitar realizar semeaduras muito próximas a períodos com previsão de chuvas muito intensas ou prolongadas. Em casos de situações extremas é necessário trabalhar com subsoladores, equipamentos que façam o revolvimento do solo em profundidade, e que posteriormente, contribua para a infiltração da água e reduza o período de encharcamento. “Todas essas ações são práticas que reduzem os problemas”, diz.

Cultivares
Outro ponto que o produtor tem que estar atento é a diferença de sensibilidade entre as cultivares. “Dias atrás fiz um experimento a campo, semeado no dia 26 de outubro, no qual ocorreu 200 milímetros de chuva distribuidos nos 5 dias após a semeadura. A questão é que algumas cultivares emergiram satisfatóriamente e outras não, sob a mesma condição de solo”, comenta.
Nilton enfatiza que é importante evitar implantar cultivares sensíveis em áreas com histórico de problemas de tombamento. “Essa situação é fundamental o produtor estar atento”, destaca.
Além disso, o consultor da Agros ressalta que outra questão essencial é a qualidade da semente usada na lavoura. “Um grande problema que se enfrenta, hoje, são sementes com baixo vigor, o que impacta muito no estabelecimento da lavoura. Uma semente com alto vigor e germinação favorece uma emergência mais rápida, a cultura se estabelece mais uniforme, e se tem menos problemas de ataques por fungos e problemas de solo”, observa.

Impactos
O engenheiro agrônomo da AGROS enfatiza que se não houver os cuidados necessários o impacto se dará diretamente na redução da produtividade da safra.
“Depois de semear a lavoura se espera a emergência uniforme da cultura, que a população de plantas se estabeleça de acordo com o planejado para se manter o potencial produtivo da cultivar. Do contrário, se arranca com potencial inferior ao que se busca”, salienta.
Segundo Nilton, em situações extremas, com muita morte de plantas será necessário replantar a área. O que impacta em elevação dos custos e um tempo maior para se estabelecer a lavoura, o que vai comprometer a melhor época de implantação da cultura. “Esse atraso na semeadura da soja, por exemplo, gera perda de potencial produtivo. Quanto mais se atrasa, mais perdas”, observa.

 

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